Na era em que os fatos perderam sua primazia e as narrativas se constroem com base em crenças, emoções e algoritmos, o poetrix de Miguel Júnior propõe um epitáfio: jaz o jornalismo. A escolha da palavra “jaz” não é gratuita — evoca o túmulo, a solenidade da morte, e já nos arrasta para um campo fúnebre da linguagem.
O título — O mundo pós-verdade — funciona como eixo temático e porta de entrada para uma crítica contundente. Longe de recorrer ao sentimentalismo, o poema adota uma linguagem densa e cerebral, com imagens secas e potentes.
Miguel Júnior entrega, neste poetrix, uma peça concisa e cortante sobre a era da desinformação. Trata-se de um poema que exige do leitor uma postura ativa — não se consome esse texto; decifra-se.
É a poesia breve no seu máximo potencial: crítica, filosófica e incisiva.