Um voo de silêncio sobre a dor
Um poema de intensa densidade existencial, que revisita a finitude por meio de uma linguagem depurada e simbólica. A forma clássica do soneto dialoga harmoniosamente com imagens contemporâneas e um espírito contemplativo, ancorando-se em tradições filosóficas e religiosas, como o estoicismo e o cristianismo, mas distinguindo-se por sua singularidade estética. A resignação, longe de ser passiva, manifesta-se como uma elaboração profunda do sofrimento, da observação do mundo e da aceitação digna da morte.
Ao resgatar a forma clássica, o poema enuncia um tema universal e contemporâneo: a acolhida meditativa da dor e do fim. A intertextualidade, manejada com elegância, e a sutil contenção lírica transformam o texto numa meditação filosófico-poética de rara sensibilidade. Miguel Júnior, poeta de vocação humanista e espiritual, faz sua obra ressoar, com simplicidade e profundidade, as grandes questões do espírito, estabelecendo um diálogo atemporal com o leitor.
Boa leitura!